de maria para maria

15 de dezembro de 2002,
nonnamia wrote:

Ainda não acredito no que acabei de ler. O artigo "O cachorro é o melhor amigo da mulher" foi a coisa mais retrógrada e infeliz que li nos últimos tempos. Acredito que você, Maria Angélica, seja jovem como eu, e me pergunto como alguém da minha idade possa escrever coisas tão absurdas, descabidas de qualquer base científica ou estatística e que, acima de tudo, explore tanto o senso comum, que por isso mesmo é facíl de ser manipulado.

Minha cara, mulheres também são cachorras. São sim, algumas delas também traem, mentem, usam os homens para atingir o que querem, e quando fazem isto, garanto que fazem muito melhor que eles. Assim como existem homens que são extremamente gentis, fiéis e verdadeiros. Se ainda não apareceu nenhum assim em sua vida, lamento.
Espero que você realmente encontre, um dia, alguém que a respeite e te ame, assim como eu encontrei. Desta forma, acredito que não escreverá tamanha besteira. O teu texto Angélica, não sei se você percebeu, é um ode ao machismo, tão combatido por mulheres fortes, que precederam você, e que com certeza ficariam muito triste de perceber que toda as suas lutas foram em vão. Deparar-se com um texto como este, escrito por uma jovem é, no mínimo, revoltante. Não sou feminista, pelo contrário, adoro os homens, e é em também defesa deles que lhe escrevo. Taxá-los simplesmente de infiéis, como você fez, é injusto. Espero que um dia você comprove isto. Por fim, nunca, mas nunca mesmo, peça para alguma mulher entender "a natureza do homem", não da maneira como você sugere que ela seja. As mulheres, assim como os homens, são seres complexos e não vivem, como você
acredita, a espera de um príncipe encantado para lhes preencher a existência. Porém, todos gostamos de ser amados, mas amados por alguém que nos respeite por inteiro, e não até as limitações que você, absurdamente, acredita serem uma característica da "raça" masculina.
Sinceramente, espero que alguma de minhas palavras lhe tenham sido úteis.
Saudações de uma mulher que é realmente amada e respeitada por um homem,
Maria.

17 de dezembro de 2002,
Á minha xará Maria,

Primeiro eu gostaria muito de agradecer por ter lido minha coluna e ter me ddo um parecer sobre a sua opinião. Fico mais contente ainda que o mesmo tenha lhe despertado algum sentimento tão forte a ponto de me escrever um email enorme, cheio de vontade e emocionante. Muito obrigada mesmo, fiquei muito lisonjeada.

Aquele texto, aliás, gerou uma polêmica muito maior do que eu esperava. O que pra mim e para o Centro Acadêmico é ótimo, pois nos traz feed-back de comunicação, que é o que nós fazemos. No entanto, o que eu acho que vc nào entendeu foi que meu texto não é uma matéria (portanto seu conteúdo não precisa ser tão respeitável a ponto de ser necesário provas científicas sobre a natureza humana), é apenas uma coluna. Uma coluna que nào tem outro fundamento a não ser expressar um opinião de forma divertida, com direito a toda licença poética que for necessário, seja agradável ou não a todos os olhos.

Não deveria, mas já que vc foi tão prestativa, considero-me no dever de me explicar. Sei que existem muitos homens que são verdadeiros. Eu mesma conheço muitos deles. Já fui amada sim, não contesto o amor nem a sinceridade em um homem, não tenho este direito. Hoje estou muito feliz ao lado de um homem maravilhoso e que por ser mais novo, entrega para mim um amor no significado mais bruto e inocente da palavra. Também já tive muitos relacionamentos com mulheres que não foram de forma alguma, femininas, nos sentido de sensibilidade da expresão. Mentitam, traíram, seduziram de forma fria e muitas vezes, interesseira. Mas eu acho que este lado mais inescrupuloso, por assim dizer, em uma mulher é a sua porção do masculino. Assim como a sensibilidade no homem é o retrato de seu lado feminino. Nào estou dizendo, com isso, que os homens tem natureza ruim, como foi sua conclusão ao ler meu texto. Quero dizer apenas que os homens pensam de uma maneira diferente ao das mulheres, e não eixiste nada melhor do que isso. Afinal de contas, toda a chave dessa relação está na diferença. Aos homens cabe mais a leadade, a proteçào, o pai, a força, a razão. À mulher cabe a compaixão, a sensibiliade, a mãe, a serenidade, a emoção. Todos nós temos que buscar essa dualidade de características dentro de cada um de nós.

Uma das coisas que eu tentei buscar nesse texto foi a coragem para não ser hipócrita em certos pontos. E nao vai ser agora que eu vou deixar isso de lado. Continuo com a minha opinião de que os homens são sim, infiéis. O que eu não devo ter expressado muito bem é que eu não acho isso, de forma alguma, uma coisa negativa. É algo que para muitas mulheres como você é dificílimo de entender. Ser infiel para nós quer dizer total entrega a uma outra pessoa. geralmente quando uma mulher trai é porque no fundo, ela quer se vingar de alguma carência ou assunto pendente com o namorado. Já o homem não. Ele não precisa, para o impulso da infidelidade, de alguma desculpa justificável, por mais que ele tente fazer isso depois. Eles não precisam entregar o que nós entergamos quando nós traimos. Muitas vezes, um cara fica com outra pela oportunidade, pela aventura, pela solidão, pelo momento. O coração nunca é traído. Eles sabem usá-lo muito melhor do que muitas mulheres. Agora, quando a situação muda, ou seja, quando o coração de um homem é entregue a outra, é porque não existe mais amor pela namorada. Do contrário, repito, a infidelidade, ou melhor, o esporte do"ficar" é sim, da natureza masculina. E isso não é de modo algum negativo. Eu só quis colocar isso em pauta no texto porque sabia que muitas mulheres têm dificuldade de entender isso de uma forma natural, e acabam perdendo um grande amor por causa de um deslize do namorado, assim como também existem muitos homens que não admitem serem classificados desta forma, porque hoje ser infiel, além de feio, é crime.

Infelizmente, a sociedade hoje, em vez de caminhar para a igualdade, caminha para o feminismo. Hoje nós vivemos em uma sociedade muito mais feminista do que machista. E eu sou sim, extremamente machista. Não de uma maneira polinizada, não considero a mulher um ser inferior, de forma alguma. Mas eu acredito piamente na diferença dos dois sexos e muitas vezes o que a mulher julga ser submissão, é na verdade orgulho ferido. Isso porque o machismo nos foi tão repressor que nós acabamos aprendendo que qualquer expressão remetente ao masculino é negativa. E eu não concordo com isso. O feminismo por sua vez não veio pra reivindicar o feminino, veio para sobrepor a mulher ao homem. Isso é machismo de saias. Acredito que a mulher precisa voltar para dentro de si e perceber o que ela é, o que ela significa como mulher na natureza, e qual é sua missão verdadeira na Terra. Meu maior sonho é ser mãe e eu acho que é para isso que eu existo. Mas é feio dizer isso hoje. Isso é ser submissa, ser machista. Ser mulher, almejar apenas o que de prima nos foi destinado é machismo. A mulher hoje tem que desejar ser independente, financeirmente e profissionalmente. A mulher hoje deve ser forte, uma fortaleza, algo que não poderá nunca mais admitir qualquer intervenção masculina. A nós, o milgre da vida foi concedido e hoje a mulher tenta de todas as formas negar essa responsabilidade. Porque é feio. É feio querer ser mãe. A mulher é o negro do mundo até para nós mesmas. Me chame de machista, sou mesmo. Porque eu morro de orgulho de ser uma machista extremamente feminina. Eu amo ser mulher, amo todos os homens e aceito as diferenças, qualidades e fraquezas de cada um.

Talvez eu seja mais feliz do que vc pense. Ao ponto de poder escrever de uma forma divertida, sobre um assunto que muita gente tem medo de debater. Para mim esta é a verdade, mas ainda sim é apenas um ponto de vista de uma garota tão jovem quanto você. E se esta verdade, cosneguiu de alguma forma, abalar a sua vida, eu não poderia me considerar mais feliz.

Um beijo grande,
Maria Angélica