museu de você
Sabe aquela fita K7 que vc achou em uma dessas (raras) arrumações de armários? Aquela que você olhou e não conteve o "noooooosa, isso aqui é muuuuito veeelho", e a fita não tem nem cinco anos. Ou então aquela fita da sua irmã mais velha, que tem umas gravações com vinhetas cortadas de rádio, com bandas tipo Inimigos do Rei, Duran Duran,Faitn No More e General Public?
E aquela sua fita Dance datada de 1997?
Pois é. Fita K7 já é um negócio muito velho de um passado recente do qual vc faz parte.
Não desgrave essas fitas não.
Nem jogue fora a camista de formandos 95 do seu terceiro colegial, com a assinatura de todo mundo da classe.
Nem as agendas. Nem as antigas coleções de mini garrafinhas da Coca-Cola.
Depois de um tempo estas coisas adquirem um valor quase que histórico.
Qunado eu tinha 16 anos, meu pai me mostrou uma gravação em uma K7 do meu tio Geninho, mito na família, mito em São Bernardo do Campo. Ele morreu em um acidente de moto três anos antes de eu nascer.
Na fita estava gravada a voz do Geninho, estudando Inglês, pois na época estava indo para Los Angeles. Nunca tinha ouvido a vez dele, claro. Apenas fotos me davam a impressões de quem ele era. Meu pai então abriu uma caixa inteira cheia de fitas K7 que ele guardou do irmão: Black Sabbath, Demis Rousseau (pergunte à sua mãe), The Who, Beatles (o álbun "branco"), uma coletânea de Samba (incluindo Maracatu Atômico, do Gil), Gal, Caetano.
O Geninho ali parecia mais real do que nunca. Mais do que as fotos. Eu, ouvindo no meu som o mesmo que ele ouvia, e que nós dois gostamos muito. A história da minha família, na guitarra de Peter Townsend.
Tudo bem aqui fomos bem representados. Não que a Nicki French e o Haddaway vão representar o que você é, mas vai representar a página de uma história da qual você faz parte. A gente não tem a impressão de estarmos fazendo história até a avistarmos de fora.
Um amigo meu tem um Genius até hoje.
Um outro foi campeão: guardou o Tele-Jogo dele junto com o Playstation 2 que ele acabou de comprar.
Uma amiga minha conserva suas Barbies até hoje.
E você? Quais são as peças do quebra-cabeça da sua história?
(Engraçado, no exato momento que escrevo esse texto, o The Who começa a tocar no rádio. Meda... Será?)
Querido diário
(Aaaaiiihhhhh!!! Agora começou a tocar "Matter of Feeling", do Duran Duran!!! Meu Deus, será um presságio?)
Falando em passado, não tem como a gente não apontar a importância de todos aqueles recortes da Capricho e palavras coloridíssimas contando cada paixão, cada primeira vez e cada coração partido. Ah, e os cadeados? A sua também era da Pakalolo?
Os diários. As agendas.
A Dida, minha amiga, falava que "é bom guardar as agendas para ler depois de um tempo e ver o quanto vc cresceu e o que vc já conseguiu realizar desde aquela época em que vc só sonhava. Às vezes eu leio coisas de 4, cinco anos atrás que ainda estão pendentes na minha vida e aquilo dá uma acordada para aquele problema adormecido, que agora talvez possa ser finalmente resolvido."
Olhar o passado pra entender o presente e fazer o futuro.
Isso é o que sua agenda representa.
(Jesus Maria José, agora está tocando uma versão reggae 80's de "Wild World"!!Nããão!)
Abaixo uma listinha de filmes onde o diário é a chave de toda a trama:
- Beleza Roubada (1993): Luc Harmon (Liv Tyler) é uma virgem de 18 anos que volta à Itália para saber quem é seu veraddeiro pai. Todas as pistas para encontrá-lo estão no antigo diário de sua falecida mãe.
- A Casa dos Espíritos (1993): Blanca (Winona Rider), relendo o diário e os antigos recortes da mãe, retorna ao seu passado e à casa onde, ela e o pai lembram toda a história de sua família.
- Confissões de Adolescente: O seriado baseado no diário de Maria Mariana, que passava na TV Cultura em 1996, está sendo reprisado na Rede TV!, nos fins de semana, acho. Além das histórias já contadas no livro, tem um capítulo especial que fala exatamente sobre as nossas taras e ciúmes pelas agendas. Vale a pena ver a Deborah Secco de roupa e sem chorar, mas estrábica do mesmo jeitinho.
- Diário de um Adolescente (1995) - O diário do escritor Jim Carrol que se tornou um grande alerta de drogas na juventude, virou peça de teatro e filme, onde Leonardo di Caprio faz um adolescente viciado em coca que conta toda a sua saga em um pequeno caderninho.
- O Diário de Briget Jones (2001): Briget Jones é uma garota igual a você (Ou vai me dizer que você nunca cantou "All By My Self" chorando, fazendo movimentos ridículos de bateria no ar?) que está com sérios problemas de sexo no trabalho. Ou vice-versa. Além de claro, ter probleminhas com o ponteiro da balança. E quem melhor para guardar as mágoas e os segredos? Um pequeno diário de capa vermelha. Mais inglês impossível.
(ESTÁ TOCANDO "DON'T YOU FORGET ABOUT ME, DO SIMPLE MINDS!!! AAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!!!)
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