13 January 2004

Pas de Cheval


E ontem lá estava eu sozinha,às 11 da manhã, na porta do hotel Lycra. O desfile começava às 11, logo, eu estava atrasada. Mas quão maravilhoso e atrapalhado é o mundo da moda e quão atrasados são os convidados. Em eventos assim é meio brega aparecer na hora certinha. Antes, então, nem pensar. Afinal vc é uma pessoa ocupada e não tempo de chegar nos lugares. Ahhh, sweet home.

Lá pelas 11:30 começa o desfile. Musiquinha normal, bacana, mas musiquinha de desfile anyway. A gente perdoa, afinal esse é o primeiro desfile oficial da Aramis, da coleção inverno. 120 confirmados. Mas quem já foi naquele mezanino do Lycra sabe que não cabe tudo isso. Nem tinha cadeira pra todo mundo, umas pessoas ficaram de pé. Não tem lugar reservado? Eu vou ficar na frente, então. Sentei (só depois eu percebi, juro) atrás do Danton Melo, o irmão do Selton, cercado de madames sempre solícitas para ficarem melhores amigas de um global perdido. Moi, Maria Ninguém estava mais à vontade que o moçoilo, sentada praticamente de frente pra pequenina passarela, merecia o meu sobrenome de letra maiúscula. Afinal, eu estava pertíssimo do Danton, eu era praticamemente Angelton Melo. Mas não precisava ser.
Perninhas cruzadas, caneta a postos, pose e cara de madam Constanza (faltou o óculos), a música aumenta. Vamulá.

Hum..uma certa mesmice casual e chique, mas eu não estou reclamando. Com esses homens desfilando na minhha frente quem disse que eu estou achando ruim? De jeito nenhum. Back to the clothes. Cinza escuro, jeans escuro, vinho, couro. Cortes impecáveis mas nada muito diferente. Algumas bolsas sapatos maravilhosos, mas nenhuma ousadia. Henri tenta ficar bem casual e mais fashion, mas na maioria das vezes prefere não arriscar. E posso falar? Tá certo ele. É roupa de homem e ponto final. Neguinho recorta um terno do avesso e fala que aquilo é tendência? Ah, give me a break.

Os ternos seguem a mesma linha, e a marca mostra a que veio. Um Ricardo Almeida para mortais. Bem democrático. Existe pouquíssimo chamado para o esporte, esse homem é urbano, e sabe que roupa de academia definitivamente não serve pra trabalhar. Roupas maduras, sem crise de identidade, graças a Dieu. De vez em quando erra a mão com essa história de insistir no eq?ino. Desapego, meu querido, desapego. Mas de qualquer modo é um cara que sabe se vestir, isso é indiscutível. O homem da Aramis gosta e quer se vestir muito bem. Se isso inclui estilo mais fashion ou mais casual, go for it.

Plié 1: Encontrei o Ariel lá, a única pessoa que eu conhecia, o dono da Plié, sócio do Henri Stad. O moço é lindo, fofo e gentlemen, ainda que com seu lado moleque/surfista (não necessariamente nessa ordem) latente. Não preciso mais conhecer ninguém.

Plié 2: Por favor alguém pode me dizer quem é que toma champagne às 11 da manhã?? Cadê meu chá gelado? E cade a comida porra? Eu tenho cara de alcoólatra?

Demi-plié: Fiz contatos, sim, claro que fiz. Sabem aquela história de estar no lugar certo na hora certa? Pois é. Nunca perder oportunidades como essas, já está anotado na minha lista para 2004. Vou com tudo num Demi-plié seguido de changements, parto pra um Echappé Sauté e finalizo em um Grand Jeté en Tournant.

Aplausos, mon chére, aplausos.

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