Luluzinha HC
(dica: leia este post ouvindo that thing, de Lauryn Hill.)
Houve um tempo em que meninas (and girls only) se reuniam sábado á noite para estenderem uma toalha no chão, e ao redor de muitas velas e incensos, tomar vinho e falar mal dos homens. Nesta noite era celebrada a solteirice, as TPMs de cada mês e as insistentes celulites de cada bunda.
Esses tempos acabaram.
Meninas não precisam mais falar mal dos homens.
Elas precisam fazer mal a eles.
Hoje festinhas de meninas são o terror da polícia e dos vizinhos. Sempre acabam mal e não se deve, como manda a etiqueta da nossa sociedade machista, revidar a qualquer atitude grosseira de uma mulher. Ela pode gritar pro síndico, xingar a mãe do sargento, descabelar a vizinha surda de 63 anos. Não se deve revidar, afinal, mulher é tudo maluca mesmo.
O machismo não é o máximo?
Homens são o fator principal da festa. Eles estão sempre em menor quantidade e já dizia Mike Myers, quanto mais idiotas, melhor. Os meninos-vítimas sempre são amigos de uma das meninas, que liga pra um e este chama o amigão que também está sem nada pra fazer. E o amigão convida o outro. Uma verdadeira corrente Beavis & Butt-head.
Irmãos também sáo permitidos. Se for mais novo, não tem problema. Nada como aprender desde cedo do que um conjunto de úteros em fúria é capaz.
É recomendado uma decoração mais requintada, além de aconchegante. Da singela sala de estar com TV e modestos sofás, surge uma autêntica tenda de chill-out. Música? Pra abrir, Bebel Gilberto passando por Brigitte Bardot e Monica. Na evolução da bateria, Destiny's Child e Madonna. Sim, sim, só vale pop pitches e girly songs. Isso inclui, é claro, Bikini Kill e Le Tigre, mas exclui sem perdão, Celine Dion e Mariah Carey.
Eu já falei da bebida? Vinho não é recomendado, pois é uma bebida romântica. E ninguém quer lembrar que está sozinho. Além do mais, vinho pra mulher é um veneno. Bebe-se mais rápido, cai mais rápido, o vexame é mais rápido. Não será esta a intenção.
Recomenda-se coquetéis, de preferência preparados por quem entende. A animaçaõ se prolongará por mais tempo. A brincadeira também.
Ah, sim, a brincadeira. Foi outra coisa que mudou nas festinhas. O bom e velho "jogo da verdade" não era suficiente. Havia de ser acrescentado um desafio. Uma prova concreta e imediata dos efeitos do álcool no limite da libido.
Surge a evolução do jogo da verdade. O jogo do "Duvido."
Não o jogo das cartas. Este consiste em girar uma faca (onde a base pergunta e a ponta responde, tal como o jogo antigo) e o escolhido lança um desafio a ser cobrado na hora. Pense em desafios esdrúxulos. Pense algo mais Vader. Pense "eu duvido que vc faça xixi na frente de todo mundo". O desafio, se não for cumprido, deve ser pago com uma dose de Hi-Fi. Ou algo mais HC.
Uma filmadora é indispensável. Para captar covers masculinos de Vogue, ou até mesmo de Hey Mickey. Não duvide, eles fazem. Fazem tudo pra deixar a brincadeira mais prazeirosa para as meninas.
Uma regra é importante, pois é a única: NÃO SE ESQUEÇA QUE O AMANHÃ HÁ DE CHEGAR e ressacas, tanto psicológica quanto física, são martírios traumatizantes, capazes de estragar toda a noite passada com lembranças ruins.
Vomite, mas não em cima do cara que vc acabou de beijar.
Sexo, peça para a anfitriã emprestar o quarto e trate de trancar a porta, para não virar anúncio da Mastercard na internet.
De resto...vale tudo. Esta noite não mais será para celebrar a felicidade limitada e secreta da mulher. E sim para celebrar o poder que o álcool exerce sobre meninas, e estas exercem sobre os meninos. Sem ninguém para julgar ou lembrar depois. Afinal, estamos dentro de um apartamento.Todos estão alegrinhos. And everybody in the world wants the same damn thing.
Jogue fora suas Capricho.
Passe a ler V.I.P.
Mais detalhes dessa festinha (ah, eu não contei que ela realmente aconteceu sábado na minha casa?), leia sobre o último capítulo da novela "O Clone" ou sobre Eu duvido que você
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