23 October 2002

madame malagueta


Te cuida, Erika Palomino.
Madame Malagueta é o nome da minha coluna no jornal do C.A., o "ComuniC.A.", que me convidou pra ter uma seção só minha, imaginem. É a credibilidade de ter um blog, expandindo meus posts para outros espaços. Pelo menos era o que eu tinha pensado de início: fazer uma extensão do Mango na coluna. Pedido indeferido. Ok, mais um desafio. Eu não posso colocar o mango no jornal, mas posso colocar o jornal no mango. Eu já sou anjo, já sou molho, agora sou também madame.

O cachorro é o melhor amigo da mulher

“Não existe homem fiel”, foi esta a frase que eu ouvi pela primeira vez com 15 anos e até hoje carrego comigo como uma verdade incontestável. Apesar de tê-la ouvido antes muitas vezes, nunca tinha dado muita credibilidade para ela, pois sempre era dita por adolescentes de corações partidos e cabeças corneadas, que ignoravam o seu real significado.
E levou muito tempo até eu entender a lógica dessa máxima. Custou mais ou menos dois namoros, muitos chifres e muitas chifradas. Na época em que eu ouvi esta frase, acreditava que “todo homem é filho-da-puta sim, menos o meu namorado”. Depois de ter descoberto após do término que ele tinha um namoro paralelo ao nosso, não restou nenhum motivo para eu desconfiar da infidelidade masculina. Agora eu só precisava entender porquê.
Tem um amigo meu que namora há quatro anos. Já corneou a namorada até com a irmã dela. E faz questão de falar para todas que seu coração pertence somente àquela com a aliança no dedo. Nem preciso dizer que ela não sabe de nada e vive feliz com ele até hoje. Esse é um exemplo clássico da filhadaputice masculina. E embora a gente viva tentando descobrir uma culpa para isso (geralmente culpamos eles), não existem culpados, é coisa de raça mesmo, ou melhor, de pedigree. Uma pena não existir um Descovery Channel de seres humanos para observarmos isto melhor.
A verdade é simples: os homens não são fiéis. Não porque eles não querem, é porque eles não sabem. Só nos resta saber como fazer para viver com isso.
Existem duas classificações para o homem infiel: o filho-da-puta e o cachorro. O primeiro é o mais perceptível aos nossos olhos, são aqueles que juram amor eterno para a primeira menina que eles vêem pela frente. Falam tudo o que a gente quer ouvir, mandam flores, pagam o jantar, negam sua natureza infiel a todo custo, mesmo que ele esteja apenas ficando de vez em quando. São filhos-da-puta porque mentem. É a velha história: quando a esmola é demais, o santo desconfia. Mas sempre acabamos confiando. E depois, quando a verdade aparece, a desilusão toma conta de nossos sentimentos e cantores prediletos. Até aparecer alguém novo com a mesma conversa para encher nossos olhos de esperança outra vez.
O cachorro, mais conhecido como cafajeste, também é infiel como o primeiro. Mas este sabe de sua condição e não ilude ninguém com falsas cordialidades. É aquele que faz questão de não esconder as dezenas de ficantes, e a paixão pelo esporte. Nele, sabemos que não dá para esperar fidelidade. O cachorro é o homem como ele deve ser: honesto, leal à sua raça e sempre pronto para obedecer às nossas necessidades.
O problema é que nós vemos essa classificação de forma contrária. O primeiro é confiável (a curto prazo), o segundo não. Ora, se tudo o que prezamos em um namoro é sinceridade, em quem devemos confiar?
A infidelidade dos homens é algo inocente. A traição de uma mulher é muito mais perigosa. Isso porque eles sabem que existe uma grande diferença entre “ mulher da minha vida” e um “clitóris falante”. Os homens não são como nós, que dizemos “eu te amo” para o primeiro buquê de rosas que aparece na nossa frente, pois é de nossa natureza sermos mais abertas com o coração e mais fechadas com o íntimo. E é da natureza deles esconder seus sentimentos e só abrir seus corações para quem eles realmente confiam. Namorados pode muito bem ir a uma balada sozinhos e beijar uma, transar com outra e ainda ligar para a namorada no dia seguinte e dizer que a ama.
Mulheres vivem culpando homens por eles não nos entenderem. E nunca paramos para pensar se realmente nos esforçamos para entendê-los. Não devemos culpá-los. Devemos aprender com eles. Nós, que já queimamos tanto sutiã, esquecemos de ter muito orgulho do que clocamos neles. Não devemos esquecer que acima de tudo, somos fêmeas buscando cumprir nosso feliz dever da proliferação da espécie, somos damas esperando nossos cavalheiros a nos conduzir nesse enorme salão de dança de paixões.

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