20 September 2007

Let's Have Bizarre Celebrations.
adoro essa música.

"Wraith Pined to the Mist", Of Montreal.

13 September 2007

Assunto: FW: Carta ao Didi.

Essa, sim, é uma carta que eu enviaria...

Além de tudo o que foi dito, ainda reforçaria meu repúdio a um artista que interpreta há milhões de anos (nem me lembro quando o programa começou) um vagabundo que vive numa casa super boa, sempre bonita e super bem decorada (...), que nunca apareceu trabalhando, que vive de enganar todos os amigos, tirando dinheiro deles e nunca se dando mal de verdade. Um sujeito vingativo que quando percebe que os "amigos" querem aprontar alguma, dá "a volta por cima" e dá o troco, em geral muito pior do que a sacanagem inicial. Este "chaplin" tupiniquim, não tem nem a decência de ficar velho, continua pintando os cabelos de acajú e se dando bem com as mulheres lindas do programa, sempre jovenzinhas, quase da idade das crianças que ele "representa" no Unicef. Quase da idade da filha dele. E essa orgia de cultura, na hora do almoço de DOMINGO!, quando toda a família se senta junto, por tradição ou falta de opção, para comer e tentar digerir os majestosos ensinamentos do Sr. Renato Aragão. Esse sim é muito mais mal exemplo que o Cazuza do outro email, e que se infiltra nas casas brasileiras durante estes milhões de anos, ensinando que mal-caratismo é a melhor forma (talvez a única) de se viver. E atinge direto no que as famílias tem de mais precioso: os filhos.
Fico pensando que esta geração de tantos jovens bandidos podem muito bem ter sido moldadas pelo tal Didi. (...)

Tenho dito!

----- Original Message -----

Assunto: ESTE MERECE SER LIDO!

Carta aberta para Renato Aragão, o nosso Didi.

Quinta, 23 de agosto de 2007.

Querido Didi,

Há alguns meses você vem me escrevendo pedindo uma doação mensal para enfrentar alguns problemas que comprometem o presente e o futuro de muitas crianças brasileiras. Eu não respondi aos seus apelos (apesar de ter gostado do lápis e das etiquetas com meu nome para colar nas correspondências).

Achei que as cartas não deveriam sem endereçadas à mim. Agora, novamente, você me escreve preocupado por eu não ter atendido as suas solicitações.

Diante de sua insistência, me senti na obrigação de parar tudo e te escrever uma resposta.

Não foi por "algum" motivo que não fiz a doação em dinheiro solicitada por você. São vários os motivos que me levam a não participar de sua campanha altruísta (se eu quisesse poderia escrever umas dez páginas sobre esses motivos). Você diz, em sua última carta, que enquanto eu a estivesse lendo, uma criança estaria perdendo a chance de se desenvolver e aprender pela falta de investimentos em sua formação.

Didi, não tente me fazer sentir culpada. Essa jogada publicitária eu conheço muito bem. Esse tipo de texto apelativo pode funcionar com muitas pessoas mas, comigo não. Eu não sou ministra da educação, não ordeno as despesas das escolas e nem posso obrigar o filho do vizinho a freqüentar as salas de aula. A minha parte eu já venho fazendo desde os 11 anos quando comecei a trabalhar na roça para ajudar meus pais no sustento da família. Trabalhei muito e, te garanto, trabalho não mata ninguém. Estudei na escola da zona rural, fiz supletivo, estudei à distância e muito antes de ser jornalista e publicitária eu já era uma micro empresária.

Didi, talvez você não tenha noção do quanto o Governo Federal tira do nosso suor para manter a saúde, a educação, a segurança e tudo o mais que o povo brasileiro precisa. Os impostos são muito altos! Sem falar dos impostos embutidos em cada alimento, em cada produto que preciso comprar para minha família.

Eu já pago pela educação duas vezes: pago pela educação na escola pública, através dos impostos, e na escola particular, mensalmente, porque a escola pública não atende com o ensino de qualidade que, acredito, meus dois filhos merecem. Não acho louvável recorrer à sociedade para resolver um problema que nem deveria existir pelo volume de dinheiro arrecadado em nome da educação e de tantos outros problemas sociais. O que está acontecendo, meu caro Didi, é que os administradores dessa dinheirama toda não têm a educação como prioridade. O dinheiro está saindo pelo ralo, estão jogando fora, ou aplicando muito mal. Para você ter uma idéia, na minha cidade, cada alimentação de um presidiário custa para os cofres públicos R$ 3,82 (três reais e oitenta e dois centavos) enquanto que a merenda de uma criança na escola pública custa R$ 0,20 (vinte centavos)!

O governo precisa rever suas prioridades, você não concorda?

Você diz em sua carta que não dá para aceitar que um brasileiro se torne adulto sem compreender um texto simples ou conseguir fazer uma conta de matemática. Concordo com você. É por isso que sua carta não deveria ser endereçada à minha pessoa. Deveria se endereçada ao Presidente da República. Ele é "o cara". Ele tem a chave do cofre. Eu e mais milhares de pessoas só colocamos o dinheiro lá para que ele faça o que for necessário para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

No último parágrafo da sua carta, mais uma vez, você joga a responsabilidade para cima de mim dizendo que as crianças precisam da "minha" doação, que a "minha" doação faz toda a diferença. Lamento discordar de você Didi. Com o valor da doação mínima, de R$ 15,00, eu posso comprar 12 quilos de arroz para alimentar minha família por um mês ou posso comprar pão para o café da manhã por 10 dias.

Didi, você pode até me chamar de muquirana, não me importo, mas R$ 15,00 eu não vou doar. Minha doação mensal já é muito grande. Se você não sabe, eu faço doações mensais de 27,5% de tudo o que ganho e posso te garantir que essa grana, se ficasse comigo, seria muito melhor aplicada na qualidade de vida da minha família.

Você sabia que para pagar os impostos eu tenho que dizer não para quase tudo que meus filhos querem ou precisam? Meu filho de 12 anos quer praticar tênis e eu não posso pagar as aulas que são caras demais para nosso padrão de vida. Você acha isso justo? Acredito que não. Você é um homem de bom senso e saberá entender os meus motivos para não colaborar com sua campanha pela educação brasileira.

Outra coisa Didi, mande uma carta para o Presidente pedindo para ele selecionar melhor os professores. Só escolher quem de fato tem vocação para o ensino. Melhorar os salários, desses profissionais, também funciona para que eles tomem gosto pela profissão e vistam, de fato, a camisa da educação. Peça para ele, também, fazer escolas de horário integral, escolas em que as crianças possam além de ler, escrever e fazer contas, possam desenvolver dons artísticos, esportivos e habilidades profissionais.

Dinheiro para isso tem sim! Diga para ele priorizar a educação e utilizar melhor os recursos.
Bem, você assina suas cartas com o pomposo título de Embaixador Especial do Unicef para Crianças Brasileiras e eu vou me despedindo assinando...

Eliane Sinhasique - Mantenedora Principal dos Dois Filhos que Pari

P.S.: Não me mande outra carta pedindo dinheiro. Se você mandar, serei obrigada a ser mal educada: vou rasgá-la antes de abrir.


Mãe,

Vou aproveitar o tempinho aqui pra responder. Acho que eu preciso. Não sei por onde começar.

Primeiro que a carta acima já vem com sabor direita. Ela começa com o discurso "nao tenho culpa de ser rica", que quando foi dito da boca do Mansur, pegou mal. Ela, diz que sim depois diz que não, mas deveria saber muito bem qual é a realidade brasileira, aliás, a realidade mundial, onde trabalhar E FAZER SEU SUSTENTO é pra poucos. Concordo, existe nego folgado, sempre vai existir. Existe nego preguiçoso, claro, até os ricos. Mas todo coxinha acha que pobre é pobre porque tem preguiça, porque nao quer trabalhar. E joga isso na cara de um global, como se fosse fazer toda a difrença.

Ela falando de roça prum nordestino circense. Falando de trabalho e acensão de vida pra um dos maiores salários da Globo.

Mãe, eu gosto sim do Didi. E muito. E não é ele, e sim o BONI, aquele diretor antigo da Globo, o responsável pelo conteúdo da programação "infantil" que a gente assistia. E nós assistimos demais televisão.

Mãe, vc já parou pra pensar em tudo que passava na TV naquela época? A gente morre de rir disso hoje. Os trapalhões era um programa com um conteúdo politicamente incorreto dos pés à cabeça, com piadas altamente machistas e racistas, formado por um nordestino trapaceiro, um bonitão burro, um mineiro viado e um preto alcoólatra!!!! E as piadas eram só de mulher, de pobre e rico, de aposta, dinheiro, bebida. E a Xuxa, recém-saída do mercado da porno-chanchada? Que, vcs bem sabem, se eu vejo hoje na frente eu ainda choro de emoção? E o Jô? E OS PROGRAMAS DO CHICO ANYSIO? Com todas as mesmíssimas piadas altamente pejorativas, bem disfarçadinhas de críticas políticas, maioria sobre mulher, que toda mulher bonita tem que agradar é com dinheiro e sexo?

Você quer uma educação melhor pros seus filhos? Um domingo sem sacanagem? Pois desligue essa televisão e vá comer em paz. Ora...

O Didi tá ganhando o dinheiro dele, exatamente como essa mulher tá ganhando o dela, e como qualquer outro brasileiro, que já perdeu há muito tempo o senso de solidariedade. Aliás, pra pensar desse jeito já perdemos há muito tempo O BOM-SENSO. Você mesmo me disse isso quando me contou daquele pai maluco carioca, que desculpou o filho dizendo que ele tinha a melhor das intenções, já que queria tão somente escurraçar prostituta, não empregada. Nada é solidariedade, sempre alguém quer levar vantagem em cima do outro. Ninguém mais acredita em nada e fica usando, um contra o outro, de falsos argumentos pra tentar nunca botar a mão no bolso, ou pior, tentar faturar em cima.

A gente é um bando de morto de fome. Chora de fome porque não tem picanha todo domingo, chora de fome porque não pode pagar a aula de tênis pros nossos filhos, chora de fome porque não tem dinheiro pra ir no shopping, chora pelo café da manhã, que alías eu nao sei que café da manha é esse que com 15 reais se paga 10 dias. 1,50 cada café? Pra empregada dela né?? Outro fenômeno aliás, que existe no Brasil como quase não existe em nenhum outro lugar do mundo: a empregada doméstica. Palavras não minhas: "o quarto de empregada é a senzala do século 21." Uma estranha, pobre e descontente, entra na sua casa e na sua vida, é mal-paga pra limpar a bagunça do filho que não é dela, e o cocô do marido e do cachorro que tampoco lhe pertencem. Come mal, mal tem direito a transporte, saúde e outros direitos trabalhistas e o único espaço dela, muitas vezes pra MORAR é um quarto de 2X2, sem janela, dentro da área de serviço. E pessoas como essa Eliane Sinhazinha, até de repente como o Didí ou sua mulher ou sua filha, reclamam que empregada é folgada, sempre quer tudo, que não vai assinar carteira merda nenhuma, que imagine que vai pagar mais imposto por causa "disso", que emprego tá difícil mesmo de achar e eles ainda reclamam, quer trabalhar vai ser desse jeito, e AI se no final das contas a pobre preta lhe roga uma praga chamada processo trabalhista. E não tenha a menor dúvida, sinhazinha, que uma hora o panetone no natal não vai ser suficiente pra apagar os maus-tratos de um ano inteiro.

Aí gente como o Ratinho, Datena, Russomano, Gugu, viram porta-vozes da vingança dos escravos, que recorrem felizes à TV pra fazer aparecer suas necessidades, que é desde reformar uma casa até um dia de compras com o Netinho. O pobre finge que fica feliz e satisfeito, os televisivos fingem que estão dando tudo de si para quem precisa, a gente finge que acha lindo.

E é óbvio que a verdade por trás disso está na simples equação polêmica+desgraça = audiência = dinheiro (Britney Spears que o diga). O importante pra Globo, MTV, SBT, qualquer uma, é ganhar dinheiro. É assim que se sobrevive. Se coxinha vive dizendo isso e vangloriando essa lógica predatória e punheteira dos americanos, eu me pergunto: o que o DIDI tá fazendo de errado?? Eu sugiro ao Didi que compre essa mulher de outro jeito, já que ela mesma deu a dica que aquele discursinho não a convece. Pois dê a ela um VIP bem grande pro próximo show do Criança Esperança. Dê a ela um mês de graça de aulas particulares com o Guga pro filho, pobrezinho, dê a ela free pass pros camarins e pra festa com os artistas, não sem antes passar pela transformação com a Xuxa. Tudo isso claro, em troca dela ir no palco na frente de milhões de pessoas dizer que ela é uma colaboradora do Unicef e pedir para todo mundo também ajudar seu amigo Didi nesta campanha tão bonita, tão importante pro nosso Brasil.

Pois para tudo no Brasil, minha mãe, nós sabemos, existe preço de venda e compra. E no fim das contas quem está nadando em dinheiro com isso não é o presidente, classe média estúpida, são as empresas as quais vocês botam dinheiro. O seu banco dos sonhos, o seu carro dos sonhos, o seu celular dos sonhos, o mp3 dos sonhos, tela plana dos sonhos, viagem dos sonhos, show dos sonhos, cerveja dos sonhos, balada dos sonhos, roupa dos sonhos, aula de tênis dos sonhos, e nada disso nós podemos ter, nunca, porque nós somos, ó tão pobres, brasileiros. Mortos de fome, pobres-coitados, esmolando qualquer coisa pra qualquer pessoa ou qualquer país, dando o couro ou o cu pra conseguir um lugar ao sol. Todos.

O presidente, a socialite, o pobre, o jovem, o comunista, a classe média, o empresário, o humorista, o global, a mãe e o pai de família:

Nós estamos todos à venda. E a gente é muito barato.