Copa da copa
Bruno,adorei seu texto sobre o Penta.
Eu também fiquei pensando muito a respeito disso, como o mundo inteiro esquece das glórias da história de cada país nessa época. O que importa são as glórias em campo, quantos títulos de futebol foram conquistados, não quantas guerras vencidas, não quanto dineheiro. Foda-se o American Way of Life quando o American Way of Soccer...sucks. É engraçado ver os Estados Unidos perdidos, tadinhos, no meio do gramado, sem um taco de baseball sequer. Oh, so sorry.
Mas isso a gente até está acostumado a ver. O inédito nessa Copa foi a onda "loser" que arrastou todos os países considerados potências mundiais (em algum ponto da história), junto com os EUA. Tudo que a gente achava que fosse acontecer não aconteceu.
A Argentina não ganhou.
Até o penta a gente levou. (rimou).
Tudo estava acontecendo ao contrário.
A Copa 2002 foi vista realmente de ponta-cabeça, do outro lado do mundo, do outro lado da história do mundo. Todos os países que se destacaram nesta Copa são os mesmos que foram oprimidos pelos países que deram vexame em campo. As colônias ganharam de seus senhores.
Itália, Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra, Portugal...tomaram um banho dos países do lado de cá do Equador e do lado de lá do meridiano de Greenwich.
Pra começar, a Holanda não foi. Na verdade, se eu fosse eles também ia preferir ficar em Amsterdam.
Depois, o local: a copa aconteceu na "25 de março do mundo", Coréia e Japão, nítido retrato da opressão cultural do West, do qual também fomos (ou somos) vítimas, mesmo sendo ocidentais também. Foi o palco de muitos clássicos, tanto futebolísticos quanto políticos.
México e Estados Unidos jogaram um contra o outro. Uma pena os chicanos terem levado a pior. Adios amigos. Te gusta Taco Bell?
O Senegal acabou com a França logo no jogo de estréia. Que Zi Dane os franceses.
A Coréia, de tênis "Diadoro" e terno "Armando", tirou as peças originais da Itália de campo. Vai lá fabricar Ferrari, vai...ninguém compra mesmo.
E nós, os selvagens do Novo Mundo, destruímos o time da rainha, que outrora mandava e desmandava nesta terra e nos patrões dela.
God Save The Queen, Sex Pistols. Uma pena Ele não ter se lembrado dos súditos.
Nós que já fomos marionetes que uma guerra que não era nossa, when only banana was our business, agora somos protagonistas da derrota da equipe do Fürher. A galerinha do sangue azul que agora ficou vermelho de tão quente.
Ainda bem que eu não moro em Higienópolis.
Todos nós temos muito do que se orgulhar. Nós, os povos sem conquistas, sem armas nucleares, sem Bastilhas nem Waterloos, sem Washingtons nem Lewinskys, sem FMI, VIP, PIB, dólar, coroa, sempre sem nada no bolso.
Essa foi a Copa da copa, da cozinha, da àrea de serviço do mundo, das cozinheiras, dos funcionários, dos subalternos, dos fabricantes, dos colonizados, dos impuros, do mouro, do amarelo, do negro, dos bons selvagens. Somos muito bons mesmo.
Sim, houve muita robalheira, muita injustiça nessa Copa. Nunca se viu tanta sacanagem descarada.
De fato, não foi bem um Fair Play.
Nós fomos bem colonizados. Aprendemos rápido.
E esse foi o nosso Pay-Back Play, the hell if it's fair or not.
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