21 November 2004

Feeling Young.

Nunca tinha lido nada sobre a Fernanda Young. Na verdade eu andava meio atrasada com muitos "fala-se sobre", e tem-se falado muito sobre mulheres. Eu sei. Eu trabalho naquela sex shop que vc vu na revista. E sim, elas compram, sem nenhuma vergonha, achamos ótimo. Mas isso não é da sua conta.


Devo
dizer que eu gostei da Fernanda Young sim. Ela é garota-enxaqueca mas é limpinha. Chata hype por chata hype, eu sou mais ela do que a Palomino. Pelo menos a Young usa menos expresões em inglês que ninguém conhece, exceto ela e meia dúzia de Lacraias usando Dior. Chato, né?

Gosto sim de pessoas que jogam merda no ventilador, salvo raras exceções. Gosto do Michael Moore, da Valerie Solanas, gosto do programa do Pânico.
Ser chato e polêmico é um trabalho sujo, mas alguém tem que fazê-lo.

parte 1 - MARIA MARIANA FROM HELL.

Por isso mesmo eu fui procurar HELL, o livro da tal Lolita Pille, a francesa cheirosa que prometia fazer a alta-sociedade parisiense feder como a gente.
Ao invés de uma crítica socio-política em forma de diário polêmico, o que se tem é mais um grande desabafo de mais um adolescente com grana e contatos no mercado editorial, que resolve soltar o verbo sobre a raiva do mundo, a incompreensão dos pais, a inescapável banalidade precoce das baladas, os caras que ela comeu e não amou, os caras que a queriam e ela só trepou, e o maldito cara bonitão que a largou pra ficar com uma baianinha, que é justamente o único que ela amou.
Alguma novidade? Ah sim, a cocaína. Muita cocaína.
Porque tirando os montes de droga, a Gucci e a Vuitton, as viagens à Saint Tropez, os Porsches, os jantares no Hotel Costes e as mansões de Paris, minha adolescência foi i-gual-zi-nha. Mas eu não escrevi um livro sobre isso. Mesmo porque, no meu tempo a Maria Mariana já tinha nos ensinado que tudo aquilo não era novidade pra ninguém.
Ah é, e a alta sociedade de Paris mesmo? Como qualquer outra, fede. Doh.

Mas HELL ainda vale, só pra gente não esquecer que o fundo do poço não escolhe ninguém pelo status social (ela não chegou a engolir um isqueiro, mas enfim) e por mais que algumas pessoas tentem manter qualquer tipo de aparência, haverá sempre alguém pra arrancar essa roupa e deixar cair toda a pelanca e manchas de esperma por debaixo das saias.
George Orwell não estava errado. Entertain us!

Também peguei emprestado pra ler 100 Escovadas Antes de Ir Para a Cama, da italiana Melissa Panarello, que também se trata de um diário. Diferente da francesa, onde a escrita é muito mais hardera do que a história em si, essa garota fala que trepou com um traveco com a mesma apatia de quem descreve como funciona uma impressora laser. Ela fez tudo aquilo ou não? Se ela fez, realmente, tem meu aplauso, e de pé. Porque apesar de ser punk colocar pra fora aos 15 anos todas as perversões sexuais, Melissa se mantém extremamente fiel a elas, e não as condena. Mas se for tudo mentira... a leitura mesmo assim vale pra bater 100 punhetinhas antes de ir pra cama.

Última chance
: DOZE, dessa vez em NY, Nick McDonel, 17 anos. Alguém me empresta?


parte 2 - AS PATRICINHAS DE BERVELY HILLS QUE AINDA NÃO CASARAM.

Tanto me falaram de Sex And The City que um dia eu aluguei pra ver (não tenho TV a Cabo, ou como disse Paulo Lima, eu sou uma excluída.). Adivinha do que eu mais gostei? Da Samantha Jones, claaaaaro. Fantástica, engraçada, caricata assumida. Melhor do que as outras recalcadas: a recalcada lésbica (Miranda), a recalcada nerd/perdida (Charlotte) e a recalcada ex-feia (Carrie).
Além de recheado de bons trocadilhos e um tema agradável, o seriado mostra a vida sexual (legal) de quatro patricinhas de NY (chato) com 30 anos (chato) que ainda não casaram (medo). E em meio a compras exageradas de sapatos e sessões embaraçosas no HR Spa, a única coisa que nos lembra que elas SÃO VELHAS é o fato de não morarem com os pais e estarem supostamente cansadas de toda uma balela chamada romance ou flerte. Tipo leitora da revista NOVA. Taradas e Trintonas que não acreditam mais nos homens. Pelo menos nos pobres.
A fórmula deve funcionar pq nem toda mulher de 30 anos é soteira e tem aquele corpo. E se tivesse, ainda não teria essa grana. E se tivesse não teria todo aquele tempo livre. O que vale a pena quando se é uma trintona mal-comida em NY? Ter grana para fazer plástica, comprar roupas e tomar Dry Martini.

Por favor não deixem a Alicia Silverstone gravar NADA durante os 30.
O episódio termina com a feliz conclusão de Carrie de que às vezes nós somos mais bonitas do que as outras, ou mais feias, não importa a roupa. O que importa é ser como a gente é.

Tsc tsc tsc. Além de loira e nariguda, é retardada.





Toda vez que alguém diz que alguma coisa é sagrada e não deve ser tocada, eu quero tocá-la. Mesmo que isso seja o próprio movimento Punk. (Johnny Rotten, 1996.)

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