27 October 2005

Reflexões sobre o amor, parte I.

Quem ama o feio,


a) Bonito lhe parece.
b) É incompetente, pq não arruma coisa melhor.
c) É cego.
d) Está interessado no dinheiro.
e) É preguiçoso, porque os bonitos dão mais trabalho.
f) É feio também.


Spiced Ham.

Eu estou com um problema.

Tem "pessoas" "postando" em inglês nos comments do meu blog, mas que infelizmente tenho que admitir que não são admiradores do mango. São spams. E eu já achando que os americanos finalmente haviam aprendido português.

Se alguém souber por favor o que eu faço pra cortar esses malditos vendedores de alargador de pênis, let me know.

(pode ser em um comment.)

14 October 2005

mONGa.

É. Papo de ONG sim.
Acho um saco.
Acho também um saco receber ligação de gente pedindo dinheiro.
Por um montento, pense: alguém liga choramingando um português no gerúndio sem plural e pede pelo amor de Deus o seu dinheiro. É para as criancinhas. É para os doentes. É para os bichinhos. Manda o número da conta ou marca um horário para ir até o local e retirar a doação. Mais fácil, impossível.

Juro que este domingo eu vou fazer isso:
1 - Selecionar aleatoriamente na lista telefônica nomes que tem carona de gente rica ou boba.
2 - Ligar e dizer que foi indicação ou seleção em nossos cadastros.
3 - Logo de cara, dizer somente o primeiro nome pra mostrar intimidade ou perguntar pelo responsável do estabelecimento ou do imóvel. Não dizer sobre o que é, a não ser que se pergunte.
4 - Já ir apresentando, senhora, a Associação dos Deficientes Gerundianos para estar podendo, senhora, estar comprando remédios, e para isto, senhora, estamos contando com a sua colaboração.
5 - Falar que a doação é qualquer quantia. Não comentar sobre outros tipos de doação, como alimentos ou roupas. Caso essa bola estiver sendo levantada, você pode estar podendo estar enviando para este endereço, senhora: (e invente qualquer um.)
6 - Passar o número da sua conta. E pedir mais uma vez, senhora, que lembre-se que esta associação é sem fins lucrativos, tendo como objetivo apenas, senhora, a saúde da nossa língua portuguesa.
7 - Agradecer muito pela doação, ter a cara de pau de perguntar se a senhora quer indicar outra pessoa pra cair no conto de uma ONG que não existe.

Manga azeda essa.
Que maldade a minha desconfiar de pessoas que realmente só querem ajudar.
Eu também acho.
Mas que porcaria que vc, querida ONG, tem na cabeça pra sair ligando pras pessoas pedindo dinheiro, assim, do nada? Pra quem? Pra Viva Vida, senhora Maria, é uma ONG que...
Nem deixei a bicha terminar. Eu não conheço e não vou doar dinheiro assim. E a Viva Vida ficou muda no telefone quando eu pedi o endereço deles. O site. O telefone. Mais informações. Experimentem ligar para o Hospital que andou aquele e-mail do menino que precisava se sangue A Negativo. Eu liguei. Eu tenho o mesmo tipo sangüíneo. O menino estava bem e já havia saído do hospital fazia 8 meses (eu liguei em 2003). Recentemente recebi o mesmo e-mail outra vez. E a menina de São Bernardo que está desaparecida desde quando a internet chegou no ABC?

Como saber se esses casos são reais? Se essas ONGs não são de verdade? Chata, chata você, fofinha que manda corrente solidária, que liga pra minha casa em pleno feriado pedindo dinheiro pruma ONG que eu nunca ouvi falar. Porque você é responsável, senhora fofinha, por toda esta rejeição ao voluntariado, a iniciativa filantrópica das pessoas. Ninguém mais acredita. E se acredita uma vez, depois da décima ligação repetida, desliga na cara. "Já ajudei este ano."

Eu faço dois apelos. Primeiro ao terceiro setor.
Não torrem o nosso saco.
Ir logo ligando, pedindo dinheiro porque sim, se não é estúpido, é cruel.
Crianças, Aids, Câncer, assuntos que apontam diretinho no nosso coração e despertam medo, solidariedade e vergonha. Medo de um dia estarmos precisando da ajuda de uma ONG, solidariedade por estarmos em contato com isso todos os dias. E vergonha. Vergonha de não fazer nossa parte. Vergonha de ser um daqueles que viram o rosto para o que está acontecendo no mundo. O coração é nossa curva fatal, sempre foi. E vai ter sempre neguinho a espera, aproveitando a onda Criança Esperança, o Natal, a porra que for, pra maltratar o resto de humanidade que ano, após ano, ninguém desiste de tentar reviver.
E você, ONG manézona, arruma ainda mais um motivo, o pior de todos, pra nos fazer odiá-la: o telemarketing.
E o segundo apelo. Pro resto das pessoas.
Pros que acham que mandando corrente tão fazendo um bem ENORME a sociedade.
É muito fácil fazer doação pra ONG, eu tenho estado com pessoas que fazem isso o tempo todo. Seja uma festa, balada cuja metade do dinheiro é doado. Em bazar, organizado na mesma lógica. Um dia especial de vendas na sua loja. Não precisa fazer mutirão em bairro, organizar trote solidário chato, fazer salgadinho pra fora. Eu também não gosto de trabalho voluntário. Mas eu, além de ser humana, eu sou Caótica Apostólica Romântica, eu quero mais é espalhar amor pelo mundo. Mas pra isso, desculpe, não vou ficar sem comer, nem sem dormir, nem rezando, nem ficando pelada na cama dia após dia com meu macho do lado, MUITO MENOS assistir a Globo, que eu não aguento mais ouvir a cornetinha do Michael Sullivan.

Eu vou postar no mango, claro.

13 October 2005

1 ano. 10 meses. 2 anjos.
ciranda da bailarina - edu lobo & chico buarque
samba e
amor - bebel gilberto
day dreaming - groove armada & aretha franklin
elegia - caetano veloso
let's
call the whole thing off - ella fitzgerald & louis armstrong
perhaps, perhaps,
perhaps - doris day
bikini - agent provocateur
peep show
call me - chris montez
aint
no sunshine - jazzamor
hands around my throat - death in
vegas
lebanese
blonde - thievery corporation
relaxin' with cherry - kid
loco
quelque part on m'attend - chiara
mastroianni & benjamin biolay
across the
universe - fiona apple
love
song - tori amos
gretchen ross - michael andrews
clocks -
coldplay
life's a beach - touch and
go
i
want it now - veruca salt
suellen - flu
when i'm sixty-
four - the beatles
i have seen - zero
7

10 October 2005

Chico,

Eu tenho lido seu livro. Budapeste é silencioso e sereno, mas não menos intenso. É gostoso te reconhecer na leitura, você tentando botar poesia em mesa de cabeceira, vc é o único que pode falar de cabelos molhados e roçar da língua atrás da orelha sem soar como o Wando. Falando nisso, a mulher do personagem chama-se Vanda, era destes cabelos molhados que eu falava, na verdade era você, na verdade era José Costa.
Um texto assim corrido que eu tive que começar a ler pela segunda vez pra entender que ele ia seguir assim, lotado de vírgulas, até o final. Sem pausas, porque o pensamento não tem pontuação. Por isso acho um livro silencioso. É um livro pra se ler quieto, desligado, é um coma. Não é? Budapeste é o desejo de sair de um coma de uma rotina. Mas não simplesmente da rotina trabalho-mulher-Rio. É a rotina gramatical. É chegar a algum lugar onde não se entende onde começa e termina qualquer palavra. Talvez sua Budapeste é minha Tokyo, esse japonês que eu ridiculamente teimo em dizer que sei, e repito tudo errado o que eu ouço, me esforço pra pensar ao contário, em oriental. Desapego da lógica literária. Gosto muito disso também, deveria ter feito Letras. Como Costa.
Talvez devesse ir para Osaka ou Tokyo, como ele foi, porque até onde eu sei, ele simplesmente pegou e foi, sem mais, nem menos. Budapeste se fez mais próxima do que a Barra da Tijuca. As vezes eu me pego confessando coisas a mim mesma em outra língua. É um hábito desde pequena, quando eu não entendia, inglês eu inventava um inglês meu, mas não era como um português com sotaque tio-sam, era uma palavra nova, que soasse como inglês, que só eu poderia entender. Mas que não poderia ser revelado aos meus ouvidos. Era minha budapeste interna, nada a ver com a América de fora. Hoje ainda não sei desabafar nem contar minhas fantasias a mim mesma em japonês. Não porque não me arrisco em inventar kanjis, mas porque ainda não sei como eu sofro em japonês.

Ontem eu sofri, como raras vezes, em português. Disse a mim mesma que não aguentava mais, como tanta gente faz, eu quis ser um número, eu não quis estar sozinha calada como seu Costa, ser só um José, eu sinto saudade como qualquer um sentiria no meu lugar, eu sofro como tantos, eu chorei como há muito tempo, chorei todo o meu português.
Amanhã o sangrarei, como todo mês.
Playground.

E vc olha pra baixo e dá de cara com o abismo.

A garotinha brinca na beiradinha, achando graça se cair.
Será coragem da garotinha de não ter medo de morrer?
Ou será que é medo que a garotinha tem de sumir?

Um dia esse pó faz você escorregar.

07 October 2005

Béin! Béin!, disse o Barbosa.

Eu acho assim: de verdade, tem tanta coisa mais importante pra perguntar num referendo, e a pergunta, sim, devo concordar, é meio mal-feita e um tanto tendenciosa. No fundo, no fundo, como dizem os que votam NÃO, esta pergunta não resolve nada.

Eu sinceramente detesto política porque eu morro de preguiça. PORQUE PRA ENTENDER DE POLÍTICA, FOFINHOS, deve-se conhecer a fundo todos os lados, e quem os compõe. Não é sair gritando sim ou não, PT ou PSDB, este país nunca foi maniqueísta desse jeito, e importantíssimo ressaltar, nunca foi de um lado só. E eu de repente até não chamo isso de um país corrompido: eu prefiro dizer que o Brasil é uma bicha louca, que adora bigode mas não resiste a um peitinho. E assim somos nós também.

E inocente foram os que optaram por fazer isso justo agora, sem achar que muita gente não ia sair na rua gritando "Guerra Civil! Desvio de Atenção! Nazismo!". E irresponsável, de máxima irresponsabilidade a Veja (e hoje concordo com a Rita Lee quando a denominou de Tablóide Nazistóide) tomar partido deste jeito. A revista Trip também fez isso, mas era de se esperar, e a Trip é feita de e para pessoas já bem informadas o suficiente pra filtrar bem a informação recebida. A Veja é uma revistinha pra classe média que pensa que pensa, que todo sábado vêm apanhando de golpes baixos de direita. Estes últimos meses então têm sido assustador. E irresponsável. E engraçado, eu tenho achado que o Jornal Nacional anda bem mais razoável. A novela que anda jogando merda no ventilador. América, além de gastar muito pó bronzeador, anda ocupando o consulado americado de velhinhas, doidinhas pra viver com seus amigos sênior na Flórida, reduto dos aposentados americanos. Fato verídico. Um amigo que tirou o passaporte ontem (depois de 6 meses de espera), conversava com uma velhinha revoltada, sonhando com a América tal qual a terracota Sol, mas com visto recusado, como tantas outras que estavam ali. Ouvi dizer tb que o México, que nunca pediu visto pro Brasil, teve que mudar de conduta. E quem a gente culpa? A Novela!! ahahahahahhahh!

Mas eu disse que eu detestava política. E não vou tomar partido porque não estou tão bem informada de todos os assuntos que envolvem o referendo.
Mas vou terminar com um trecho da Trip, que eu li só hoje, depois de tanto ouvir NÃO ao desarmamento, para reflexão de todos.

A bandeira que vc tanto levanta, filhinha, pode estar atrapalhando sua visão.

Como quase tudo o que sabemos ser melhor para nós e nossas vidas, mas que se torna incrivelmente complexa na hora de transformar a teoria em prática. Assim é a questão sobre o direito do uso de armas num país que, pasmem, acaba de ser apontado pela Unesco, em junho deste ano, o número um no ranking de homicídios por arma de fogo em números absolutos (mais de 300 mil pessoas em dez anos). E a esmagadora maioria dessas mortes não é provocada por armas ilegais de grande calibre, como argumenta os opositores do desarmamento. Mais de 90% das armas apreendidas em crimes em nosso país são de calibre permitido e entraram na sociedade legalmente. E as maiores vítimas dessa tragédia cotidiana são pessoas de até 25 anos. Os jovens, aqui, são mortos por balas numa proporção três vezes maior do que no resto da população.

06 October 2005

She's not a girl who misses much
She's well acquainted with the touch of the velvet hand
Like a lizard on a window pane

The man in the crowd with the multicoloured mirrors
On his hobnail boots
Lying with his eyes while his hands are busy
Working overtime
A soap impression of his wife which he ate
And donated to the Nation Trust

I need a fix 'cause I'm going down
Down to the bits that I left uptown
I need a fix cause I'm going down
Mother Superior jump the gun
Mother Superior jump the gun
Mother Superior jump the gun
Mother Superior jump the gun

Happiness is a warm gun
Happiness is a warm gun
When I hold you in my arms
And I feel my finger on your trigger
I know no one can do me no harm
Because happiness is a warm gun.
Yes it is.