28 May 2009

Quote of the day.

"I have sampled every language, French is my favorite. Fantastic language. Especially to curse with. Nom de dieu de putain de bordel de merde de saloperie de connard d'enculé de ta mère. It's like wiping your arse with silk. I love it."

The Merovingian, in Matrix Reloaded.

27 May 2009

Alice in Pogoland.



Nick Bertke. Lembre-se desse nome. Também atende como Pogo.

Não me pergunte como eu cheguei nesse menino, mas depois de um dia já baixei quase tudo o que ele já botou as mãos até agora.
Principalmente o que vem na sequência.
90% das músicas estão feitas com os sons do próprio filme.
Simplesmente não consigo parar de ouvir.

"Alice"

"Expialidocious"

13 May 2009

Música de menina.

Essa era uma dessas músicas que, de cidade em cidade, mudava-se um verso, aumentava uma estrofe, mas todo mundo sabia cantar. No ônibus, na escola, no recreio.
Música de menina.

Ele é moreno, espetacular.
Tem os olhos verdes da cor do mar
Mas eu aaaaamo, amo, e gosto dele assim
Alô, alô (menino que vc gosta), eu gosto de você.

Tchi-bum, tchi-bum, cha laia laia laia
Tchi-bum, tchi-bum, cha laia laia laia

Falta de ar, palpitação
O beijo dele abaixa a pressão
Mas eu aaaaamo, amo
E gosto dele assim
Assado, cozido, fritinho, enrolado, todinho pra mim.

Tchi-bum, tchi-bum, cha laya laya laya
Tchi-bum, tchi-bum, cha laya laya laya

Quando ele se vai, tudo é desprazer
Tem-se a impressão de que se vai morrer.
Mas eu aaaaamo, amo
E gosto dele assim
Assado, cozido, fritinho, enrolado
Todinho pra mim.

05 May 2009

A aula suja e pesada.

Em qualquer classe de idiomas sempre tem a aula do palavrão. No Francês ela foi mais curta e tímida, não se explicou explicitamente o que significava cada coisa, somos um bando de adultos, tudo se subentende. Chato. Você se sente mal se ri demais.

Mas no Espanhol foi diferente. A classe cheia de mulher, de Budapeste a São Bernardo do Campo. O professor fechou a porta da sala, desenhou duas colunas no quadro e categorizou: homem e mulher. A começar pelas básicas, homem, penis, mulher, vagina, na tentativa de evitar a esculhambação geral, afinal ninguém sabe entre alemães e indianos quem vai se matar ao ouvir "buceta". Seja na lìngua que for.

Não adianta, obviamente. Todo mundo pergunta tudo e fala tudo. Porque um palavrão em outra língua não significa nada pra você. É só uma palavra, não existe ainda uma associação direta. Buceta, por exemplo. Eu não falo. Morro de vergonha e acho desnecessário. É de uma mulher que estamos falando, já basta umas abdicarem o próprio nome a uma fruta, deixemos pelo menos o órgão com seu devido respeito.

Mas coño (em castelhano) eu falo direto. Claro, também por influência deles, já que de cada 5 palavras, 3 são coño, 1 é mierda e 1 é joder.

O fato é que quem mais se diverte nessa aula é o professor, obviamente. Imagine um alemão e um chinês tentando falar "polla" direito. E ainda fica treinando em voz baixa, "polla, polla, po-lla..." Coño é fácil. Cojones, cabrón, pelotas são menos populares porque todo mundo já sabe distinguir essas palavras num filme em castelhano.

Gilipollas é dificílimo. Todo mundo acaba esquecendo porque ninguém acaba sabendo falar. E é uma das que mais se devería usar porque gilipollas substitui babaca, panaca, idiota, imbecil, tonto, filho-da-puta, sacana, sem-vergonha, e por aí vai. Claro que existem os correspondentes a esses em espanhol, mas gilipollas é de identificação imediata.

Já tentei perguntar o que é "gili", já que sabemos o que é pollas. Gili é uma ação, seguramente, mas ninguém soube me explicar qual e eu não confio nas explicações da internet.

Uma hora e meia falando de palavrão. E como diz "caralho"? E além de polla, que mais tem? Aí o professor faz sub-categorias, de sinônimos chulos de cada membro.

Até onde vai meu conhecimento, os espanhóis tem mais variedades de nomes pro saco (o escrotal). Nós temos a variedade maior en denominar o membro masculino e suas habilidades. Apesar de existir, por exemplo, a palavra "carajo" em espanhol, não significa o mesmo que o nosso caralho. Na verdade segundo muitos não significa nada.

E chegou a minha vez de perguntar. Porque eu queria saber como era porra em espanhol. Não esperma, eu queria saber o correspondente em peso de porra. Porque porra em espanhol é um doce. É um churro recheado. Certamente nossa porra deve ter vindo de algum galego safado que fez a associação que não devia. Porra na Espanha também significa aposta.

O professor não entendeu. Ele respondeu, "esperma". Eu disse, não, um correspondente vulgar, como polla para penis. Ele ficou assombradíssimo. A classe inteira se calou. Por que a brasileira quer saber especificamente isso? Por que eu fui abrir minha boca?? Ele não arriscou nada. Ia sair algo profano que ia condenar o prédio inteiro ao inferno se ele pronunciasse palavra. Pouco a pouco o assunto foi disspando, 5 minutos depois a aula acabou.

Obviamente que persisti na informação. Alguns conhecidos me arriscaram dizer "leche" ou mais espeficico "leche de pantera". Outro disse simplesmente "yogur" (iogurte), mas eu acho, pela reação geral, que aquele apodo era mais pessoal. Não valeu.

A verdade é que não existe um correspondente pra porra. Em italiano deve ter. Se não tem eles arrumam um em 5 minutos. Em francês pelo visto não. Em inglês seria "cum" mas é tonto, é só mais uma palavra que eles inventam de um verbo caso não tenha o substantivo.

Todo país tem seu vocabulário chulo (normalmente ligado à religião correspondente) e toda aula de idiomas sempre tem a aula de palavrão. O que é mportantíssima, eu acho. É a linguagem maldita, instintiva, gritante. É o diabo por trás da nossa história, que sai de dentro da gente em doses homeopáticas, letra por letra, que junta e vira um monstro.

Cada país com seus monstros.
E pra cada monstro, um palavrão.


P.S.: Já que estamos, "chulo" em castelhano da Espanha quer dizer bacana. Cool. Nice. Show. Mas dos falsos cognatos eu falo depois.

03 May 2009

sobre o filme "Ensaio Sobre a Cegueira".




- Muito interessante o jeito que o Fernando Meirelles filmou em São Paulo. Na maioria das vezes parecia uma cidade totalmente fictícea – o que era, de fato, a idéia do diretor – mas outras vezes era legal reconhecer a cidade em uns ângulos super bonitos, embora imersos em um contexto calamitoso. Foi o cenário ideal para uma história como essa.

- Existe um claro paralelo entre Ensaio Sobre a Cegueira e os zumbis do George Romero. Após um incidente epidêmico, a raça humana é convertida em uma horda de monstros lentos, desorientados e famintos. Mas ao contrario dos zumbis, nossa desumanidade não se deve à sobrevivência: se deve ao medo.

- Muitas vezes parecia que estávamos vendo “Extermínio” ou algo parecido. Mas todo aquele branco e o inconfundível toque brasileiro deram ao filme uma atmosfera totalmente diferente – e mais elegante.

- Julianne Moore está simplesmente única. E parecia que tinha feito filme brasileiro toda a vida. Ela estava completamente imersa na história, como também dentro do cinza caótico futurista de São Paulo. Não estava igual Mark Ruffalo. Não conseguia esquecer que ele era aquele tira de bigode que uma vez comeu a Meg Ryan.

- Alice Braga está linda e o sotaque dela é tão melhor que o da tia, ainda que essa tenha de Estados Unidos o que a sobrinha tem de vida.

- Gael García podia ter feito melhor. Não me convenceu como vilão. Eu acho que tería posto outra pessoa, alguém tipo...caralho, por que eu sempre penso no Vicente Cassel pra fazer papel de vilão nojentão??

- Foi muito delicada (pra não dizer nula) a relação do roteiro com a verdadeira - e brilhante - metáfora da história: a crítica à fé, e por conseguinte, à toda e qualquer instituição religiosa. Limitando-me a dizer que o Saramago é agnóstico de pai e mãe (e esta informação basta), é claro que a história na realidade fala que a fé cega é pleonasmo. A fé só existe por causa da cegueira, não precisa existir se existe o conhecimento, ou a visão. Mas a humanidade não caminha pelos próprios pés, e foi preciso muito tempo pra gente aprender a se virar, mesmo cego, que remédio. Mas durante muitos anos vivemos e viveremos precisando acreditar, mesmo sem ver, que tem alguém nos conduzindo ao lugar certo e protegendo nossas vidas.

Me pergunto se o diretor tirou a questão religiosa por causa so Brasil ou por causa dos Estados Unidos. De qualquer jeito foi uma pena. O filme teria sido muito mais brilhante e muito menos "28 Days Later- Blind Version".