Xuxa em São Tomé das Letras
E eu achando que a USP era o extremo do lisérgico.
Xuxa e os Duendes é uma bad trip de chá de cogumelo que dá enjôo e provoca alucinações como Ana Maria Braga de duende, Vanessa Camargo de fada, Luciano Huck de ajudante de jardinagem e Gugu Liberato de heterossexual.
A viagem até que é boazinha, a produção do filme é, ou melhor, não é coisa de Brasil: impecável. Assim como a edição, figurino, trilha sonora, e outros detalhes que só estagiário de produtora consegue avaliar em um filme de Xuxa.
Xuxa é Kira, uma hipponga de cabelos longos e jipe florido que não sabe sobre sua origem, mora no meio do mato e provavelmente é leitora assídua de Márcia Frazão. Sua vizinha (Debbie), que está a ponto de perder a casa porque o pai desempregado não sabe mexer na Internet, procura sua ajuda para salvar um duende que está preso na parede do quarto dela. Outros seres que saíram do livro do Tolkien, se transformam em humanos filhos de pais sertanejos famosos para ajudar o pobre pequenino, que só conseguirá ser libertado pelo Duende da Luz. Xuxa acaba descobrindo uma trama por trás de toda a história do filme e descobre que ela é um Duende (ela fala isso no filme: "Nossa, eu sou um duende!"), o Duende da Luz! And she saves the day.
Vão assistir. Por mais que seja um filme infanto-psicodélico, faz você lembrar que, um dia, você já acreditou em magia. E ainda, que você um dia já fez compras no Alendalenda. A Xuxa fala com o público durante o filme (pede para as crianças do cinema baterem palmas) e é impossível você não se comover em ver as crianças batendo palmas bem alto, bem forte.
A essas alturas, você já está vendo seu corpo de fora, chegando perto do Nirvana e acendendo um incenso de sândalo.
Mas aí as luzes se acendem, o merchandising aparece no finalzinho do filme e você lembra que Xuxa não é um duende, que ela mora numa mansão no Rio, faz compras na Big Apple e tem muito dinheiro.
Mas baixinho que é baixinho, nunca deixa de ver a Xuxa. Nem que seja só pra alfinetar.