16 September 2002

Por um dia mais agridoce.


E viva o humor negro!
Hoje era o dia certo para escrever este post. Estou em uma ressaca de humor pós-SP GROOVE, o que é totalmente comprensível. Hoje, só por hoje, deixei de lado toda a hipocrisia e todo o cinismo que vem junto com a boa educação. Se toda nudez será castigada, hoje eu estou nua e invulnerável.
Como no dia 11 de setembro, quando eu acordei tão empolgada quanto em dia de ano-novo. Bom, pelo menos nos dois dias eu esperava ver fogos...e gritos.
Não escondi minha emplogação de ninguém, nem quando Nina, a faxineira ninja, temia por um ataque no Brasil. Medo? Sim, claro. Solidariedade pelos americanos? Sim, tão cínica quanto a doutrina Monroe.
Eu me sentia uma cheerleader Hooligan. Eu quero ver gol. Eu quero ver notícia. Eu quero Hollywood.
Minha expectativa era como a de alguém que estica o pescoço na estrada para ver um acidente com suas vítimas estraçalhadas. Ou como uma mulher que assiste atentamente à uma cena de sexo lésbico e considera uma sem-vergonhice sem tamanho. Sentimentos que a gente vive tentando esconder, e que todo mundo sente. Inveja, ira, vaidade, cobiça ficam tão mais feios quando encobertos. E tão mais divertidos quando descobertos.

Um brinde à política incorreta. Nosso novo pecado original, um prazer proibido por nós mesmos.
Hoje eu vou me permitir sentir e falar tudo o que nem eu mesma me permito. A não, hoje não dá.
Minha língua, já se sabe, sempre foi apimentadinha. Mas sempre a adociquei com metáforas e adjetivos figurados, a velha fórmula das piadas internas. Hoje eu abro a piada para todo mundo. Sem moral, sem bom-senso, sem educação, sem perdão.
Mango Chutney aqui esncancara o sorrisinho de canto na boca.

- Certa vez uma menina da minha classe, aquela a que todos os colegas homenageiam suas sessões de punheta, tão inútil quanto seu livro de história, tão falsa quanto seu tom de cabelo, foi vítima da pior história de São Bernardo naquele ano: seus amiguinhos, todos da mesma laia, fizeram uma sessão especial de video para todo mundo assisi-la mostrando seus dotes na cama, com dois ou três amiguinhos ao mesmo tempo. Tudo foi filmado pelo dono da casa e da câmera, escondida o tempo todo dentro de um armário. O video ficou famoso e ela conseguiu o sucesso que queria. Foi lindo vê-la chorando na hora do recreio.

- Uma amiga minha era apaixonada por um certo...homem. Antes de uma das festas da faculdade, ele ligou para ela e gentilmente comunicou que não estaria disponível naquela noire porque estaria acompanhado de uma outra menina que ele queria "catar faz tempo". Muito gentil da parte dele, reafirmar o que ela já sabia: que ele era um idiota. Mesmo assim ela foi na festa. Ele não conseguiu ficar com ninguém. Ela ficou com um cara lindo. Amigo dele.

- Adoro ver meninas corretas e bem vestidas vomitando na balada às quatro horas da manhã. A cena ainda melhora quando ela sai com a maquiagem toda borrada e vê uma menina horrorosa com o homem da sua vida. Essas coisas é bom a gente ver de camarote.

- Ver a Naomi Campbell cair naquele desfile não foi o máximo? Eu também achei.

- Um professor muito conhecido aqui na ESPM por seu repertório pseudo-cultural e por seus amiguinhos famosos que nunca ouviram falar dele, adora acabar com alunos ou artistas que não são apaixonados pelas mesmas coisas que ele. Em uma de suas aulas, durante uma seção vamos-falar-mal-do-artista-tal-com-palavras-bonitas, ele escolheu Celso Pitininni para escurraçar. Falou entre outras coisas que ele era um decadente, um aproveitador do Sílvio Santos, fez piadas com o visual do jurado, chamou-o de idiota para baixo. O filho de Celso assistia à aula, quieto. O professor só descobriu depois de muito xingar, quando fez a chamada e percebeu o sobrenome. Nem as melhores palavras do mundo, nem suas desculpas puderam salvá-lo.

- Sempre quis ser hostess. Principalmante para receber pessoas mal educadas que passam na frente de todo mundo porque seus nomes são VIPs. E então poder folhear a lista com o maior deleite do mundo e falar em palavras claras e com a cara mais educada do mundo que o nome não se encontra. Folhearia de novo, mostraria a lista para a pessoa ter certeza que o nome dela NÃO está lá. "Desculpe. Agora o senhor dá uma licencinha para as pessos passarem, por favor."

- Sempre tem um(a) idiota na classe que faz questão de mostar pra todo mundo que tirou notas altas, sem antes é claro, de perguntar quanto o outro tirou. No trabalho de conslusão do segundo semestre, a grande maioria teve de refazer o trabalho. Ela fez questão de falar pra todo mundo que ela tinha tirado 8,0. Até que se aproximou de mim e fez a tradicional pergunta: "Gé, quanto você tirou?". Eu respondi com a mesma cara de cínica inocente: "10,0, e você?"

- Neste sábado, um cara foi na balada com a gente escondido da namorada. Foi ao cimena com ela e depois disse que ia dormir. Às seis horas da manhã ele chegou na rave a primeira coisa que viu foi a namorada no meio da pista ficando com uma amiga. Foi a melhor trip da minha vida.

- Adoro briga de mulher. É um espetáculo tão dantesco quanto o programa do Ratinho, e com a mesma audiência, sempre.

- Uma das coisas que eu mais adorava na O2 era quando a atriz mais cotadinha e mais queridinha da produtora não conseguia o cachê principal do comercial e no dia da gravação, lá estava ela com a gente, de figurante. Com homens também acontecia isso direto, mas eles costumam sem menos egocêntricos.

- ADOUREI ver a cara da Kate Winsley quando Gwynet Paltrow receber o Oscar de melhor atriz, no ano de Titanic.

- Mamãe está com a câmera ligada, filmando sua filha sem autorização na apresentação de balé, como muitos outros pais desesperados. Quando ela brilha no palco, com toda a sua graça na ponta da sapatilha, todos olham aterrorizados para ela. Não por sua dança, mas pelo show particular que a alça estourada do vestido provocou.

- Notícia de primeira mão: depois do ocorrido da festa Giovanna, a diretoria da GV proibiu cerveja dentro da faculdade e vetou todas as festas (TODAS) para os alunos até a segunda ordem. Lindo.

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